A volta de Lula enquanto possível candidato gerou, enfim, potência viva para um campo político alternativo. E teve efeitos imediatos. Não apenas dividiu o bloco formado por ultradireita e neoliberais, mas abriu uma janela de construção de um projeto político de esquerda para o país.
A anulação da condenação do ex-presidente Lula em pleno 8 de março representou para o Brasil uma mudança drástica na correlação de forças políticas. Durante a maior crise sanitária política, econômica e social que esse país já teve, enfim, encerrou-se uma suposta oposição entre Bolsonaro e Mercado.
Os mercados financeiros e a mídia criticam o presidente por não ser tão privatizador como gostariam. E Bolsonaro os ataca performando para seu público uma atitude anti-sistema, quando, na verdade, segue à risca a cartilha do Mercado. A volta de Lula enquanto possível candidato gerou, enfim, potência viva para um campo político alternativo. E teve efeitos imediatos. Bolsonaro vestiu máscara para anunciar uma tentativa de compra de vacinas, poucas horas depois, em óbvia resposta e submissão a denúncia da devastação nacional, a responsabilização direta do bolsonarismo feita por Lula em discurso antes de sua coletiva de imprensa, no dia 11 de março.
O aceno com a possibilidade de resgate do Brasil foi revitalizadora para o povo brasileiro. Não apenas dividiu o bloco formado por ultradireita e neoliberais – que o digam o tratamento favorável nos telejornais da Globo ou os tuítes de Rodrigo Maia, mas abriu uma janela de construção de um projeto político de esquerda para o país. O índice de apoio popular a Bolsonaro voltou a seu índice mais baixo. Agora, 44% da população consideram o governo “péssimo” ou “ruim”, contra apenas 24% que o julgam “bom” ou “ótimo”; e 54% condenam sua “gestão” da pandemia.
Antes, a desmoralização e condenação do ex-presidente que, apesar das nossas críticas tentando empurrá-lo mais para a esquerda, realizou muito e, exatamente por isso, saiu com uma alta de apoio popular muito grande, produziu efeito similar no povo brasileiro: que viveu
Por isso é preciso escutar o clamor e desespero do povo que precisa de vacina e auxílio emergencial decente para poder ficar em casa sem passar fome, se protegendo e freando o avanço do vírus no país. As ações comuns precisam ser desencadeadas já, não dá para esperar Bolsonaro cair ou as eleições de 2022.