Desde agosto uma intensa articulação aconteceu para barrar a Proposta de Emenda Constitucional 181, conhecida como Cavalo de Tróia. Essa PEC propunha extensão da licença maternidade para mães com bebês nascidos prematuramente, mas os fundamentalistas incluíram nela a proposta de proibição do aborto em qualquer circunstância, alegando que a vida começa desde a concepção.
A Frente Nacional Pelo Fim da Criminalização de Mulheres e Pela Legalização do Aborto lançou, então, o Alerta Feminista e, colhendo adesões dos coletivos feministas e mistos à nota, conseguiu promover uma grande articulação para fomentar diversas ações online e nas ruas no intuito de barrar a iniciativa da bancada evangélica, avançar no sentido da Legalização do aborto no Brasil e provocar a sociedade sobre o tema.
As ações online aconteceram nas noite de 11 a 13 de setembro e, um dia antes do Dia Latino Americano e Caribenho pela Legalização do Aborto, o facebook foi ocupado durante 24 horas por diversas feministas que entraram ao vivo de suas casas para falar sobre aborto na ação Virada Feminista, que contou com engajamento de mais de 1 milhão de pessoas e participação de mais de 50 feministas do Brasil e algumas participações muito especiais da França, Moçambique, Peru, Chile, Uruguai, Moçambique e Argentina.
Nas ruas, muitas mulheres ocuparam as principais capitais do país. Centenas de mulheres se reuniram no Rio de Janeiro para juntas, exigirem que o aborto seja tratado como um direito de autonomia reprodutiva da mulher. O ato contra a descriminalização do aborto seguiu pelas ruas do centro do Rio e encerrou na Praça Tiradentes. A tarde de chuva e frio por um momento quase impediu que o ato pela legalização do aborto seguisse seu curso em Florianópolis. O Dia de Luta pela Descriminalização do Aborto na América Latina e Caribe não passaria em branco na capital catarinense. Carregando caixas com panfletos, cartazes, tintas, caixa de som e microfone, manifestantes decidiram manter a atividade e fizeram panfletagem e intervenção artística no terminal de ônibus. Além disso, a organização do ato deu início ao diálogo com os diversos movimentos feministas presentes para a formação de uma Frente Estadual pela Legalização do Aborto. Em Pernambuco foram promovidas oficinas e rodas de conversas na capital, região metropolitana e interior do estado, além de uma panfletagem e batucada que ocorreu durante o ato de rua realizado no centro da cidade.