Elaborado por pesquisadoras do SOS Corpo Instituto Feminista para a Democracia, levantamento analisa os dados divulgados sobre a situação de agravamento da violência contra as mulheres em 18 meses de pandemia.
Trabalho elaborado por pesquisadoras do SOS Corpo Instituto Feminista para a Democracia -membro da AFM- reúne uma gama de dados divulgados no último ano para analisar o contexto do aprofundamento da epidemia da violência contra as mulheres no Brasil, diante de um cenário de crises provocadas pela pandemia e pelo projeto político bolsonarista. Não é de hoje que o Estado brasileiro ora vem sendo cúmplice, ora autor de violências diversas contra as mulheres. O patriarcado racista opera sobre nós de forma voraz, docilizando nossos corpos, dominando nossas mentes e controlando nossas vidas.
A partir de dados divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, da Associação Nacional de Transexuais e Travestis (ANTRA), Grupo Gay da Bahia, Acontece Arte e Política LGBTI+, INESC e revisitando dados anteriormente publicados no Dossiê sobre Lesbocídio no Brasil, a publicação faz o cruzamento de informações sobre violência, condições de renda, precarização das condições de vida e orçamento público para analisar o contexto de epidemia de violência contra as mulheres, feminicídio, lesbocídio e transfeminicídio nos últimos 18 meses, mas que também aponta para uma escalada desde a eleição de Jair Bolsonaro para a presidência da república.
Desde o ano de 2020 o Brasil enfrenta um dos piores cenários sociais, políticos e econômicos das últimas três décadas. A pandemia chegou no país e ajudou a concretizar um cenário de caos que já vinha se construindo desde o golpe de 2016 contra o governo legítimo da presidenta Dilma Rousseff, com o aprofundamento do projeto neoliberal, do avanço de setores conservadores e fundamentalistas em instituições públicas e no congresso nacional, bem como o aumento da violência em diferentes dimensões na vida das mulheres.
Mulheres negras, meninas, mulheres indígenas, mulheres transexuais e travestis: números alarmantes
Os dados divulgados apontam para um aumento de casos entre Mulheres negras, mulheres indígenas, mulheres transexuais e travestis, assim como um maior registro de casos de estupro e feminicídio contra meninas de até 13 anos, o que revela um aprofundamento cruel do patriarcado, bem como aponta para aquilo que o movimento feminista sempre denunciou: a casa não é um lugar seguro para mulheres e meninas. Os casos de transfeminicídio e travesticídio registrados no último ano confirmam a tendência de aumento também em 2021, que só no primeiro semestre já se aproximava de 100 casos.