Situação das mulheres indígenas durante a pandemia de Covid-19 acende alerta máximo. Estamos diante de uma tragédia humanitária sem precedentes. E o machismo é mais uma epidemia trazida pelos europeus.
A Covid-19 chegou nos territórios indígenas de forma avassaladora. Vidas indígenas estão sendo perdidas em um ritmo crescente: mais de 50% dos povos indígenas foram diretamente atingidos pela pandemia e mais de 27.000 indígenas foram contaminados pelo vírus. A transmissão da Covid-19 e outras doenças das populações não-indígenas, chega por parte dos próprios médicos e agentes da SESAI (Secretaria Especial de Saúde Indígena) invasores, trabalhadores/as do governo federal, exército, missionários cristãos e agentes do agronegócio.
Estamos diante de uma tragédia humanitária sem precedentes. A política do governo Bolsonaro-Mourão é uma política de destruição intencional e sistemática dos modos de vida e da cultura dos povos indígenas. O modelo é devastador dos corpos e dos territórios e se sustenta na depredação da natureza, na espoliação colonial do trabalho, dos corpos e das vidas das mulheres indígenas.
O machismo é mais uma epidemia trazida pelos europeus – A partir de um acúmulo de escuta das mulheres indígenas, participantes do Fórum Social Panamazônico e do diálogo com a liderança indígena Telma Taurepang, Coordenadora Geral da União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira (UMIAB), o SOS Corpo elaborou um dossiê sobre a situação das mulheres indígenas durante a pandemia de Covid-19. As mulheres indígenas, responsáveis pelo cuidado com a saúde e a alimentação das comunidades, estão sobrecarregadas pela ampliação da necessidade de cuidados. As violências contra as mulheres indígenas se agravaram. Boletins de ocorrências de delegacias próximas às aldeias registraram crimes de lesão corporal, ameaças, ameaças de morte, calúnia, difamação e injúria, estupro, violência doméstica e familiar, onde, na maioria das situações, o agressor tem alguma relação com a vítima. A situação de vulnerabilidade é agravada pelo fato da dificuldade de acessar os mecanismos de denúncia e a rede de proteção.
Baixe o dossiê completo.