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Brasileiras esquentam para o #GritoGlobal pelo #AbortoLegal

Uma ação online feita através da plataforma de vídeos ao vivo do facebook é uma das estratégias em que o movimento feminista brasileiro está investindo forças. A Virada Feminista Online será realizada da madrugada do dia 26 para o dia 27 de setembro.

Se estenderá pelas 24 horas que antecedem o Dia Latino Americano e Caribeño pela Legalização do Aborto. Durante estas 24 horas será promovido uma programação de quase 50 falas de feministas abrindo o verbo sobre como a garantia do direito ao aborto é um reconhecimento à cidadania plena das mulheres.

A Virada já contou com uma fase de aquecimento que aconteceu nos dias 11, 12 e 13 de setembro e alcançou um público de mais de 26 mil pessoas assistindo aos vídeos nos três dias. Esse Esquenta foi realizado para chamar a atenção da sociedade e principalmente das mulheres para os ataques dos setores fundamentalistas e golpistas no legislativo brasileiro, assunto trazido em detalhes pela socióloga Joluzia Batista, integrante do Cfemea, coordenadora da Plataforma Dhesca e militante da Articulação de Mulheres Brasileiras. O evento funcionou como uma ferramenta para dialogar com o público online, atraindo mais feministas para a importância de estar nas ruas no dia 28.

Para esquentar a garganta pelo #GritoGlobal pelo #AbortoLegal, contamos com as vozes de Lúcia Xavier, coordenadora geral do Criola. Além dela a Djamila Ribeiro, filósosa, pesquisadora e feminsita, entrou ao vivo junto com a Joice Berth, arquiteta e ativista feminista. As três chamaram a atenção para a irresponsabilidade do Estado em relação à morte de mulheres negras e pobres que são obrigadas a recorrer a práticas inseguras para interromper gravidez e acabam morrendo pelas complicações de um procedimento realizado sem nenhuma informação, auxílio ou segurança.

No dia 12 foi a vez do Setorial de Mulheres do Intervozes pautarem a reflexão sobre como uma comunicação pública e democrática é fundamental para conquistar o direito ao Aborto. Bia Barbosa e Helena Martins entraram ao vivo lembrando que a comunicação brasileira hegemônica é feita através de meios que são propriedade privadas com fins lucrativos e comerciais, com controle concentrado nas mãos de um pequeno grupo de políticos e religiosos. A comunicação popular e comunitária, feita através de rádios locais, é marginalizada e criminalizada. E a comunicação pública que ainda não conseguiu se consolidar como um sistema público no Brasil, corre sérios riscos. Esse coronelismo eletrônico compromete o sistema democrático porque exclui diversos setores, entre eles as mulheres, do campo discursivo, da produção de sentido sobre a realidade e, com seu poder de alcance, dissemina de maneira massiva discursos que violam direitos humanos e direitos das mulheres. Como garantir a Legalização do Aborto num país onde a comunicação é dominada por religiosos fundamentalistas?!

No dia 13 a escritora, poeta, performer e atriz Elisa Lucinda pontuou que as mulheres não deixam de fazer o aborto porque é proibido, mas a proibição faz com que nós recorramos à prática em condições desumanas. Não é apenas a ausência de mulheres na política que faz com que leis que garantam a autonomia e cidadania plena das mulheres não seja aceita, mas é o sistema capitalista, patriarcal e racista que faz com que as mulheres não tenham condições de igualdade. Betânia Ávila, socióloga e pesquisadora do SOS Corpo tratou a questão pontuando que o aborto não é defendido como algo separado de um conjunto de direitos que precisam ser garantidos para que as mulheres alcancem cidadania plena. Direitos Reprodutivos foi uma concepção criada e construída pelas mulheres organizadas, pelas feministas e pelo movimento a partir das experiências, diálogos e reflexões coletivas. Essa concepção surge a partir da própria realidade das mulheres que transformaram suas experiências e necessidades em proposições e desenvolveram este conceito, hoje amplamente utilizada para além do movimento feminista. Ao construir os direitos reprodutivos  o movimento feminista trouxe a questão da reprodução para a esfera da cidadania. Ávila pontua: “A instituição desses direitos e a concretização deles na vida real e no cotidiano das mulheres significa uma democratização da própria democracia, amplia o sentido da democracia, visto que coloca na esfera da cidadania essa dimensão da reprodução, que, antes da incidência das feministas, nunca teve e nunca foi pensada ou trabalhada como uma esfera cidadã, pelo contrário: tudo que dizia respeito ao campo da sexualidade era pensado, trabalhado e legislado no sentido da repressão e controle.”  Assim a concepção dos Direitos Reprodutivos é uma proposta de democratização da vida social, mas não somente porque vai tornar a vida mais justa e mais segura das mulheres no cotidiano, mas também é uma democratização da política, porque institui as mulheres, as autoras primordiais desse conceito, como sujeito político.

Virada está sendo organizada pelo movimento feminista brasileiro em sintonia com as articulações propostas na América Latina. Além da ação online, o movimento se articula em suas bases através do #AlertaFeminista, um documento assinado por mais de 100 coletivos atuantes em todo o território nacional que já estão se reunindo para promover ações contra as propostas de alterações constitucionais que restringem o direito ao aborto até mesmo nos casos já previstos em lei.  Acompanhe as ações da Frente Nacional Pela Legalização do Aborto.

Assista aos vídeos transmitidos:

Lúcia Xavier, coordenadora geral do Criola, inaugurou o Esquenta com uma fala sobre a criminalização do aborto e as mulheres negras: https://www.facebook.com/criola.org.br/videos/1482881891798484/

Djamila Ribeiro e Joice Berth fizeram um live juntas e falaram sobre criminalização do aborto, o tabu e as mulheres negras: https://www.facebook.com/djamila.ribeiro.1/videos/1719600308073520/

O Intervozes falou sobre mulher, mídia, representações e direito à comunicação: https://www.facebook.com/intervozes/videos/1850036975022870/

Joluzia Batista, colaboradora do CFEMEA, Coordenação Plataforma Dhesca e integrante da AMB, explicou em detalhes o que está acontecendo no Legislativo Federal em relação ao direito à autonomia das mulheres: https://www.facebook.com/cfemea.feminista/videos/1447044758744740/

Elisa Lucinda, poeta e atriz comentando o novo feminismo, falando sobre as dificuldades que as mulheres enfrentam quando entram precisam recorrer a um aborto e entram em choque com a cultura patriarcal e machista. https://www.facebook.com/elisalucinda/videos/1423052647779162/

Betânia Ávila, pesquisadora do SOS Corpo – Instituto Feminista para a Democracia, conversando sobre o aborto como um dos direitos sexuais e reprodutivos que precisam ser defendidos para garantir a cidadania plena das mulheres e a legalização como parte da luta por democracia no Brasil e na América Latina. https://www.facebook.com/lutafeminista/videos/1545888335433783/