A indígena Lourdes Huanca, militante da Via Campesina do Peru, inicialmente não estava convidada para a mesa que reuniu mulheres sindicalistas do Uruguai, Argentina, Brasil e Equador, mas dada a falta de indígenas e camponesas representadas nos debates, ela foi convidada para falar.
Lourdes começou se apresentando dizendo que era Feminista indígena popular e socialista. Ela trouxe a denúncia do machismo entre os povos indígenas, pontuou a igreja como nossa pior inimiga e dos povos indígenas. Denunciou a economia hegemônica em detrimento da economia de troca, trazendo essa experiência dos povos originários e defendendo-a como uma ferramenta necessária para enfrentar o capitalismo neoliberal, além da articulação da luta entre campo e cidade. Lourdes defendeu ainda que, para enfrentar o patriarcado e o capitalismo, nós mulheres não podemos nos maltratar ou deixar de nos autocuidar.
Segundo a fala da integrante do Coletivo de Educação Popular Pañuelos en Rebeldía e do movimento, Claudia Korol, para construir de novas alternativas econômicas e políticas é necessário autonomia, é preciso que nossas formas de falar sejam reconhecidas. Ressaltou que essas alternativas tem que ser construídas com os feminismos negros, indígenas, campesinos e com o feminismo popular, onde todos estes femininos podem estar inclusos.
Umas experiências impactante foi a das mulheres curdas. O povo curdo não tem espaço e recursos para lutar contra as empresas e as próprias experiências da cooperativa também estão roubando o trabalho das mulheres. Elas são contra as políticas do Estado e defendem uma política econômica alternativa. Assim, dentro da zona de guerra, criaram um modelo alternativo que não se restringe somente à economia formal/informal, mas tem como objetivo revolucionar também a economia doméstica e reprodutiva. É que, para elas, a economia não é só dinheiro; a economia é mental também. As mulheres curdas entenderam que a luta é também contra o roubo do pensamento, do tempo, do saber. Por isso, as mulheres curdas estão também lutando pra fazer a mudança dentro das próprias casas. Para elas, a revolução econômicas das mulheres passa também por uma revolução mental e cultural.