A primeira mesa tratou da questão do impacto da Organização do Livre Comércio na vida das mulheres. Todas as crises se sustentam no trabalho não remunerado das mulheres. O trabalho não é somente em casa. O trabalho doméstico não se dá somente em casa. O trabalho de cuidado não está valorizado e não se remunera.
Às vezes está, às vezes não está remunerado, mas quando se paga, se paga muito mal pelo trabalho de cuidado. Assim as finanças impactam a vida cotidiana, pois o capital se apropria da economia das mulheres, ou seja, se apropria da inteligência laboral e da força de trabalho, colocando elas na trama, mas jogando sobre as mulheres a responsabilidade sobre os trabalhos que não remunera. As finanças colonizam as economia populares das mulheres de forma individualizada, mas também nos territórios. Promove a exploração da vida das mulheres sobre as economias alternativas.
Analba Brazão, da Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB) e do Instituto SOS Corpo, chamou a atenção para a desigualdade do impacto que isso tem na vida de diferentes mulheres, como as negras, quilombolas, pescadoras, indígenas e trabalhadoras. O livre comércio promove a exploração, mas ela acontece de maneira desigual entre as mulheres. Além do trabalho não remunerado das mulheres, a economia se sustenta no trabalho informal das mulheres negras, no trabalho ilegal dos jovens negros que estão sendo no exterminados pela violência policial da guerra às drogas, no invasão de comunidades quilombolas e assentamentos rurais, no extermínio dos povos originários e no ódio à população lgbt.