O corpo das Mulheres no sistema capitalista patriarcal e racista sempre tratado como um território vazio de sujeito. Um corpo para ter um dono, para ser dominado, espoliado, corrigido e controlado e finalmente apropriado. Por isso chamamos esta organização que nasciade SOS Corpo.
O SOS Corpo nasceu ainda no tempo do regime militar em 1981. Eram os anos finais de um longo período de horror em toda a região. Passados 35 anos, voltamos a resistência contra o Estado de exceção ea violência política que se institui com o golpe de Estado que sofremos este ano. Nascemos na luta pela democracia e nela permanecemos.
O SOS Corpo é fruto de uma aventura coletiva que se renova a cada dia. Somos um coletivo fundado por mulheres, pelo qual muitas outras passaram e que hoje é formado por diferentes gerações que se encontram na linha da vida da luta feminista.
A sua fundação vem de um sentimento de não conformidade com esse mundo, de não adesão a ordem dominante; e continuamos inconformadas, aflitas. Seguimos na certeza de que nossa existência só é possível porque somos parte de um campo maior de organizações que lutam pela emancipação. Nossaforçavem de “sermos feitas de movimento”.
Neste momento brindamos a todos os coletivos feministas que permanecem, em Pernambuco, no Brasil, na América Latina, nos bairros do Recife, fortalecendo as lutas coletivas e o feminismo como uma força política coletiva anti-sistêmica. Celebramos os movimentos que construímos – o Fórum de Mulheres, a Articulação de Mulheres Brasileiras – AMB e a Articulação Feminista MARCOSUR. E saudamos a insurgência de tantos novos coletivos feministas na cidade, no país e na região, que nos dão esperança e renovam a chama viva do feminismo.
Para estes 35 anos, realizamos uma roda de diálogo com a participação de Maria Eduarda Mota da Rocha, professora da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, e contamos com a participação de muitas companheiras da cidade do Recife e de outros estados do país.
Nestes 35 anos, celebramos nossa permanência, nossa resistência, nossa insistência.A festa em tempos sombrios é também um espaço de resistência e de fortalecimento dos afetos alegres que nos sustentam na dor e nos fortalecem na luta.
Foto: Déborah Guaraná