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Relatora da intervenção militar Marielle Franco é executada

A vereadora do PSOL no Rio de Janeiro e relatora da intervenção militar, Marielle Franco, foi assassinada na noite da terça (14 de março), morta a tiros dentro de um carro na região central do Rio de Janeiro, por volta das 21h30.

 

Ela tinha 38 anos, se apresentava como “mulher, negra, lésbica, mãe e cria da favela da Maré” e havia denunciado diversos abusos dos policiais 41º Batalhão da Polícia Militar (BPM) na favela do Acari dias antes. Dados do ISP (Instituto de Segurança Pública) indicam que esse batalhão registrou por volta de 450 mortes nos últimos cinco anos. É o maior índice de letalidade do Estado do Rio de Janeiro durante o período.

Segundo as informações da polícia, um carro emparelhou ao lado do veículo onde estava a vereadora e disparou. Quem matou Marielle sabia o lugar exato que ela ocupava dentro do carro: banco traseiro à direita. A perícia encontrou nove cápsulas de tiros no local. Marielle foi atingida com pelo menos quatro tiros na cabeça. O motorista foi atingido com três balas nas costas e a assessora parlamentar ficou ferida por estilhaços de vidro. Os criminosos fugiram sem levar nada.

Sua morte foi uma execução política. O Observatório da Intervenção, criado pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, foi categórico. “Trata-se de um novo degrau de aprofundamento das dinâmicas de violência no Rio de Janeiro, inaugurando uma nova modalidade de homicídio, o homicídio estritamente político”.

O objetivo é alastrar o medo entre quem se opõe às forças políticas que comandam agora o país: a bancada da bíblia, do boi e da bala. Marielle Franco foi a quinta vereadora mais votado no Rio de Janeiro, com mais de 46 mil votos. Sua execução causou comoção mundial e não pode ser ignorada pela mídia e, portanto, provocou o escancaramento da ditadura racista, machista e neoliberal instalada há dois anos no país.

Seu assassinato, entretanto, não foi a primeira execução política encomendada pelos coronéis do golpe. Lideranças quilombolas, indígenas e rurais sofrem violência no campo, onde acontecem verdadeiros motins contra os acampamentos do Movimento Sem Terra, de pequenas comunidades de povos tradicionais e quilombolas. Diferente do tratamento dado ao assassinato de Marielle Franco, que, apesar de preta, lésbica, mulher favelada e mãe, era uma personalidade política relevante vivendo num dos maiores agrupamentos urbanos do país, esses personagens não ganham visibilidade na mídia.

Comoção – Protestos e vigílias por Marielle Franco aconteceram em todo o país e fora dele. O clima das pessoas engajadas na militância não é de medo, mas  de revolta. No Rio de Janeiro mais de 50 mil pessoas se reuniram na Cinelândia, centro da cidade, para não apenas prestar homenagens, mas repudiar e condenar o assassinato violento, além de exigir que cessem imediatamente a perseguição e criminalização das defensoras de direitos humanos e demandar a investigação e punição dos responsáveis. Em Salvador, as atividades do Fórum Social Mundial foram praticamente paralisadas para dar espaço a falas políticas, atos de repúdio e convocação da militância às ruas, às mobilizações.

Leia a declaração da Articulação de Mulheres Brasileiras – AMB